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Tribulus terrestris: os efeitos benéficos por trás das polêmicas

por Drª Eleonora Comucci

Texto originalmente publicado em www.vitaforscience.com.br

Chamado também de Caltrop Fruit ou Puncture-Vine Fruit, o Tribulus é usado há muito tempo na Medicina Chinesa e Ayurvédica.

Na MTC, seu uso foi descrito pela primeira vez no Shen Nong Ben Cao Jing, no século II D.C. Desta forma, é conhecido pelo efeito de extinguir o vento que vem do fígado e provoca: tremores, cefaleias, vertigens, olhos vermelhos e doloridos que coçam, lacrimejamento excessivo e principalmente, em lesões de pele com coceira significativa (urticária) e vitiligo.

Neste último caso, o Tribulus é a erva de escolha que pode ser usada isoladamente no tratamento do vitiligo. Na visão ocidental, ele possui efeitos na proliferação e migração dos melanócitos, além de estimular a melanogênese.


Ativos Principais:

-Kaempferol: é um flavonóide natural presente em diferentes espécies de plantas, que tem sido descrito para possuir propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias potentes.

-3-O-Glicosídeo de Kaempferol (Astragalina): flavonóide com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Estudos apontam que a Astragalina pode: inibir a infiltração de células inflamatórias e o espessamento das vias aéreas; ser citotóxica para células de melanoma, causando apoptose por ativação da caspase-9/3, inibição da SOX10 e outros mecanismos;  ter efeito cardioproteror com diminuição das atividades de lactato desidrogenase (LDH), creatina quinase (CK), malondialdeído (MDA), espécies reativas de oxigênio intracelular (ROS), fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interleucina-6 (IL-6).

-3-O-Rutinosídeo de Kaempferol: inibidor da alfa-glicosidase, com efeitos semelhantes à droga antidiabética acarbose, o que está associado à melhora dos quadros de diabetes.

-Tribulosídeo: em animais, teve efeito calmante e redutor do estresse.

-Protodioscina: atua sobre as células de Sertoli, promovendo proliferação de células germinativas e crescimento de túbulos seminíferos.


Ações Terapêuticas:

 -Diabetes Mellitus 2: num ensaio clínico duplo-cego randomizado controlado por placebo realizado com 98 mulheres com DM2 – 50 no grupo placebo e 48 no grupo que recebeu durante 3 meses 1000mg de extrato de Tribulus ao dia – foram avaliados: glicemia de jejum, glicemia pós-prandial de 2 horas, hemoglobina glicosilada e perfil lipídico. Ao final do estudo, comparadas ao grupo placebo, houve redução significativa nos níveis de: glicose, colesterol total e LDL. Não houve diferenças nos níveis de HDL e Triglicérides entre o grupo que recebeu Tribulus e Placebo.

-Melhora da qualidade do esperma e redução de gordura corporal em homens inférteis: 65 homens com avaliação ANORMAL de sêmen foram incluídos neste estudo, em que foram prescritos administração oral de 250mg de extrato seco de Tribulus terrestris ao dia, por 12 semanas consecutivas. A análise completa de sêmen avaliada ao final do tratamento mostrou aumento significativo na concentração de espermatozoides, motilidade e tempo de liquefação. Desta forma, os resultados indicam o uso terapêutico de Tribulus terrestris por homens apresentando parâmetros de sêmen alterados e / ou submetidos a tratamento de infertilidade.

-Melhora do transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) na pré-menopausa: foi realizado um estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com 40 mulheres na pré-menopausa relatando diminuição da libido, recebendo T. terrestris ou placebo. Os questionários FSFI e QS-F foram utilizados para avaliar a disfunção sexual antes e após o tratamento. Os pacientes tratados com T. terrestris apresentaram melhora no escore total do FSFI (p <0,001) e nos domínios “desejo” (p <0,001), “excitação sexual” (p = 0,005), “lubrificação” (p = 0,001). ), “orgasmo” (p <0,001), “dor” (p = 0,030) e “satisfação” (p = 0,001). O tratamento com placebo não melhorou as pontuações para a “lubrificação” e “dor”. Os escores do QS-F mostraram que as pacientes em uso de T. terrestris tiveram melhoras em “desejo” (p = 0,012), “excitação sexual / lubrificação” (p = 0,002), “dor” (p = 0,031), “orgasmo” (p = 0,004) e “satisfação” (p = 0,001). As mulheres tratadas com placebo não pontuaram melhoras. As mulheres que receberam T. terrestris tiveram níveis aumentados de testosterona livre (p = 0,046) e biodisponível (p <0,048). T. terrestris pode ser uma alternativa segura para o tratamento de mulheres na pré-menopausa com TDSH, uma vez que foi eficaz na redução dos sintomas, provavelmente devido a um aumento nos níveis séricos de testosterona livre e biodisponível.

Além das indicações terapêuticas conhecidas pelas medicinas Chinesa e Ayurvédica, podemos afirmar que existem diversos estudos controlados que demonstram que o Tribulus exerce efeitos positivos e relevantes nos pacientes que apresentam distúrbios na saúde.

 

Contraindicações e Interações Medicamentosas: gravidez, uso concomitante de diuréticos pois pode levar ao aumento da eliminação de água e eletrólitos.

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