Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade: Contribuições da Medicina Chinesa
por Drª Eleonora Comucci
Texto originalmente publicado em www.vitaforscience.com.br
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DDA, TDA ou TDAH? De acordo com os Manuais de Diagnóstico (DSM e CID), existem duas formas de classificação.
De acordo com o CID-10 a denominação é Transtorno Hipercinético (F90 e F90.1) e segundo o DSM-V chama-se Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) (314.00 e 314.01).
Em 1902, o médico inglês George Still descreveu pela primeira vez o transtorno como “Defeito do Controle Moral” e por isso ficou também conhecida como “Doença de Still”. Em 1932, Kramer e Pollnow, denominaram como “Doença Hipercinética da Infância.
Já em 1980, no DSM-III, aparece pela primeira vez um novo termo: Transtorno do Déficit de ATENÇÃO com ou sem Hiperatividade – reforçando a ideia de que o principal sintoma era justamente desatenção e não a hipercinesia. Ou seja, o paciente pode ser desatento e manifestar ou não sintomas de hiperatividade.
Avançando um pouco na linha do tempo, em 1994 no DSM, surgiu a classificação em 3 subgrupos: TDAH predominantemente desatento, TDAH predominantemente hiperativo/impulsivo e TDAH combinado (desatenção + hiperatividade/impulsividade). Esta classificação permanece até hoje.
A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) afirma que é um transtorno neurobiológico, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda sua vida. Hipóteses sobre as causas vão desde a herança genética até substâncias e fatores ambientais que a mãe esteve exposta durante a gravidez.
Ao contrário do que é divulgado em redes sociais e internet, é um transtorno reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e, entre especialistas, não há controvérsias com relação à sua existência.
Tradicionalmente, o TDAH é tratado com drogas estimulantes como: metilfenidato, dexmetilfenidato, lisdexanfetamina e dextroanfetamina; não estimulantes: clonidina, guanfacina e atomoxetina; e antidepressivos: nortriptilina, desipramina, imipramina e bupropiona. Os efeitos colaterais incluem: perda do apetite, perda de peso, distúrbios do sono, irritabilidade, hipotensão, ansiedade, desconforto estomacal, fadiga, cefaleia, etc. Estas medicações, temporariamente, ativam e equilibram determinadas áreas cerebrais responsáveis pelo controle da atenção e da atividade motora.
Para a Medicina Chinesa, o TDAH é o sintoma e não a doença. Assim, cada paciente deve ser analisado de forma individualizada, para que a gênese do desequilíbrio seja identificada. Deficiências estruturais e fatores ambientais que geram invasão de fatores patogênicos podem ser compensados de forma que os sintomas sejam amenizados.
O caminho para o tratamento das causas de base é o equilíbrio. Frequentemente a palavra “EQUILÍBRIO” é usada de forma mística, de certa forma até poderia ser usada se este fosse um problema simples. Como visto acima, o TDAH é um transtorno que envolve desde causas biológicas, comportamentais, até ambientais.
Basicamente, o TDAH envolve 4 aspectos: essência, hepático, digestivo e mental.
Em posse destas informações, é possível sugerir algumas condutas para amenizar os sintomas de TDAH:
Primeira: para as desarmonias hepáticas, a fórmula Jia Wei Xiao Yao Wan (Moutan&Gardenia) pode ser aplicada. Ela corrige padrões patológicos do Elemento Madeira, pacificando o fígado e harmonizando-o com o Coração. Desta forma os sintomas de irritabilidade são solucionados.
Segunda: A Taurina, um dos aminoácidos não-essenciais, tem sido usada com a finalidade de aumentar o foco e a concentração. Curiosamente, em 1975 pesquisadores publicaram que seus níveis estão em desequilíbrio nas doenças cardíacas/nervosas/mentais (Elemento Fogo) e musculares/tendinosas distróficas (Elementos Terra e Madeira). Assim, quando somada à fórmula Gui Pi Wan (Ginseng&Longan) – que provê melhora na digestão e má-absorção de nutrientes por parte do Baço-Pâncreas/Estômago – a Taurina fornece excelente suporte para que os sintomas de falta de concentração e hiperatividade mental sejam amenizados.
Terceira: para restauração da microbiota intestinal saudável – que auxilia na diminuição das substâncias tóxicas produzidas por patógenos intestinais – o uso de probióticos é recomendado, bem como o ajuste dietético que promova alimento para estes microorganismos – normalmente através da ingestão de fibras pré-bióticas e alimentos saudáveis, livres de conservantes e substâncias nocivas à estas cepas.
Quarta: existem trabalhos que comprovam que o uso de ômegas, especialmente os ômegas 3 e 6, melhora os padrões de aprendizagem e comportamentais. O uso destes suplementos durante no mínimo 3 meses, melhorou em 35% os sintomas de TDAH quando comparados ao grupo placebo. Estes dados sugerem que, quando há impossibilidade de adaptação com as medicações, os ômegas são um ótimo recurso.
Em suma, para os distúrbios de causas multifatoriais são necessárias abordagens e condutas diversas, que visem a correção dos desequilíbrios e sintomas.