Texto originalmente publicado em www.vitaforscience.com.br
A partir de 1948, uma extensa pesquisa na antiga União Soviética (URSS) descobriu que adaptógenos melhoravam o desempenho físico e mental em condições de estresse. Foram especialmente benéficos no tratamento da síndrome asteno-depressiva e neurastenia, condições caracterizadas por: fadiga, fraqueza, irritabilidade, dores de cabeça, mal-estar, insônia, falta de apetite, problemas cognitivos e de memória, estresse, depressão e ansiedade.
Rhodiola: Rizoma do Ártico ou Raiz Ártica
Por mais de 60 anos, estudos clínicos e bioquímicos ampliaram a compreensão de como este adaptógeno exerce muitos de seus efeitos terapêuticos. As raízes contêm seis grupos de compostos bioativos, incluindo: fenilpropanóides, feniletanol, flavonóides, monoterpenos, triterpenos e ácidos fenólicos.
As Rosavinas e os Salidrosídeos são usados como principais marcadores bioativos em extratos padronizados.
Em 1969, o Comitê Farmacológico do Ministério da Saúde da URSS recomendou o uso da Rhodiola em pacientes que sofrem de neuroses, astenia, hipotensão, esquizofrenia, bem como para indivíduos saudáveis que trabalham intensamente e fazem grande esforço mental e físico.
Por se tratar de um adaptógeno, a curva dose-resposta é em forma de sino, diminuindo sua eficácia em altas doses. Para que exerça sua atividade máxima, o ideal é administrar uma dose intermediária.
Ações Terapêuticas
-Fadiga, física e mental
-Baixa concentração e memória
-Estresse
-Depressão
-Ansiedade
-Aumento dos benefícios e redução dos efeitos colaterais de medicações psicotrópicas
Possíveis Mecanismos de Ação
Os Adaptógenos aumentam a tolerância ao estresse e reduzem a fadiga por meio de efeitos em mediadores de resposta ao estresse, homeostase, metabolismo energético, imunológico e neuroendócrino.
Mais de 140 compostos foram identificados na Rhodiola. Estudos, In vivo e in vitro, indicam que alguns constituintes isolados (por exemplo, salidrosídeos, Rosavinas e Tirosol) contribuem de forma sinérgica para a atividade de todos os outros componentes.
Certos constituintes isolados afetam numerosos genes. Por exemplo, os Salidrosídeos alteram significativamente a expressão mais de 700 genes. Consequentemente, sua atividade farmacológica envolve inúmeras interações que afetam múltiplos mediadores chave na resposta ao estresse, sistema imunológico e neuroendócrino.
Assim, os adaptógenos agem como “reguladores metabólicos que aumentam capacidade de um organismo de se adaptar a estressores ambientais e prevenir danos ao organismo por tais estressores”. Esse mecanismo ocorre em dois níveis de regulação:
–Ao nível do organismo inteiro, suportam a homeostase e regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), envolvendo os hormônios do estresse (Cortisol), Neuropeptídeo Y (NPY) e outros mediadores – incluindo óxido nítrico (NO), Receptores Metabotrópicos Acoplados à Proteína G (GPCR) e Chaperonas (Proteínas de Choque Térmico, do inglês Heat Shock Proteins – Hsp70).
–Ao nível celular, modulam a expressão gênica dos principais mediadores das comunicações intracelulares nas vias de transdução de sinal induzidas por estresse, incluindo: a sinalização da proteína G mediada por adenosina monofosfato cíclica (AMPc), proteína G ativada pela PI3K (fosfatidilinositol-3 quinase), as vias da fosfolipase C, proteína quinase JNK (MAPK-9), Hsp70, fator de choque térmico 1 (HSF-1), NPY, e fatores de transcrição das proteínas FOX (FOXO).
Com base em estudos farmacológicos e genômicos, os mecanismos das atividades antidepressiva, ansiolítica e antiestresse da Rhodiola incluem efeitos sobre:
– GPCRs, incluindo o receptor 5-HT3 da serotonina
-Vias de sinalização da Proteína-G ativada pela fosfolipase
-Efeitos mediados por NPY-Hsp70 sobre os receptores de glicocorticóides, incluindo expressão e liberação de NPY e proteínas ativadas por estresse (Hsp70 e JNK).
Os mecanismos propostos para efeitos sobre funções cognitivas, memória, aprendizagem e a atenção estão associados a:
-Regulação negativa do AMPc
-Ativação da PI3K (aprendizado e memória)
-Normalização da homeostase do cortisol
-Efeitos genômicos nas células da neuroglia, afetando principalmente o metabolismo energético e as funções do SNC, que podem ser associadas a efeitos benéficos nos distúrbios comportamentais, mentais e relacionados ao envelhecimento.
Desta forma, é possível afirmar que a Rhodiola demonstra efeitos multi-alvo em vários níveis da regulação da resposta celular ao estresse, afetando vários componentes que estão associados a efeitos benéficos físicos e mentais.